CALOR, UM PROBLEMA QUENTE NO BRASIL
Como o profissional de SST pode gerenciar esse problema?
A exposição ao calor nos Estados Unidos gerou, em 2018, 3.120 casos de afastamento laboral. Ainda pior do que isso é a estatística de 49 fatalidades revelada em artigo publicado pela revista “The Synergist”, da Associação Americana de Higiene Industrial (AIHA), no último mês de abril. Entretanto, conforme informações da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas daquele país, muitos casos sequer são notificados. Robert N. Phalen, professor e coordenador de saúde e segurança ocupacional na Universidade de Houston-Clear Lake, no estado norte-americano do Texas; e Catherine L. Besmar, graduada na mesma instituição e que foi pesquisadora assistente na Administração de Saúde e Segurança Ocupacional (OSHA), são enfáticos ao assegurar que doenças provocadas pelo calor “podem afetar praticamente qualquer um”.
Autores do artigo “É o calor – E a umidade” divulgado pela “The Synergist”, eles destacam que os sintomas dessas enfermidades podem até “afetar a habilidade de reconhecer o perigo”. O problema, segundo eles, “vai além de permanecer longe do sol, se manter hidratado e fazer paradas regulares para se recuperar.” O risco de estresse gerado pelo calor é real, na avaliação. Eles sugerem o exemplo de alguém que, mesmo com boas condições físicas, esteja se exercitando vigorosamente sem ar-condicionado, bebendo água suficiente e usando roupas leves e refrescantes. Apesar de todos esses pontos que aparentemente sugerem segurança, ainda assim a pessoa pode estar correndo o risco de sofrer com o estresse térmico. É um quadro que inicia por causa da energia e do sangue exigidos pela musculatura para competir com os mecanismos de resfriamento do organismo, mas que são insuficientes, apontam os pesquisadores.
Concordo com Phalen e Besmar que isso configura um imenso desafio para nós que somos profissionais higienistas, afinal, os trabalhadores – quer sejam de todos os segmentos que citei como exemplos no início do presente artigo, quer sejam de outras áreas com características semelhantes – estão sob risco mesmo durante os períodos com temperaturas consideradas leves. E no caso do Brasil essas fases do ano têm, cada vez mais, durações menores. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) publicou na revista “Pesquisa Fapesp” no último mês de março reportagem confirmando que 2019 foi o ano mais quente já registrado no País. O texto se orientou por dados divulgados no mês anterior pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmetro), que é órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A instituição, que avalia a variação diária da temperatura no Brasil desde o fim do século 20, atestou que no ano passado a média de temperatura máxima durante os dias foi de 31,05°C, superando os 31,02°C de 2015, que até então havia obtido a média mais elevada. De acordo com a reportagem, estamos dentro de uma tendência global, conforme dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), que indicou 2019 como o segundo ano mais quente desde o longínquo 1850, quando as medições passaram a ser realizadas. As causas para esse crescimento, segundo o meteorologista do Inmet de São Paulo, Marcelo Schneider, ouvido pela Revista da Fapesp, são a “variabilidade natural do clima, o aquecimento global e a ação humana, com a maior emissão de gases do efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), a expansão urbana e agrícola e o desmatamento”.
Cristiano Cecatto – Consultor e diretor da SSO, perito, membro ABHO, engenheiro mecânico e de segurança no trabalho, mestre em engenharia de produção, Certified Machinery Safety Expert – CMSE®
Cristiano Cecatto
Perito
Eng.mecânico
Eng.seg.trabalho
Mestre eng.produção
Membro ABHO no.1280
Certified Machinery Safety Expert – CMSE®